Corrida pela “Fita Azul” ganha novos pretendentes
No final do Séc. XIX, início da expansão da navegação de passageiros comercial entre Europa e América, a “Fita Azul” era uma distinção não oficial concedida ao navio de passageiros mais rápido a fazer a travessia do Atlântico.
A ideia da fita azul como um símbolo de destinção está em outras áreas. Nos Estados Unidos, um grupo de notáveis, cientistas, por exemplo, são chamados de fita azul. Esse é também o nome de uma das mais atigas honrarias do Império Britânico, da famosa Escola Cordon Bleu de gastronomia… Nas regatas a fita azul é a distinção dada àquele que primeiro cruza a linha de chegada.
Em duas edições de nossa travessia, naturalmente apenas duas equipes conquistaram a fita azul. Em 2021, o Montecristo, então sob o comando de Julio Cechetto, foi o primeiro a cruzar a linha, depois de ter feito o percurso em 3h56’14”. Em 2022, com um tempo de travessia de 3h10’47”, o Zeus , de Paulo F.Moura, foi o fita azul.
Faltam pouco mais de 20 dias para a nossa regata e Montecristo e Zeus não devem ter vida fácil nessa ravessia embora (quase) todo mundo desconverse um pouco sobre as possibilidades de “buscar” a fita azul.
Quase todo mundo porque Felipe Villares, comandante do catamarã Papacat já se prepara para bater o recorde da travessia “Nem sei direito o tempo da travessia, mas vamos pra regata com o foco da fita azul, sem dúvida nenhuma, quero estabelecer o novo recorde da regata”. E olha que credenciais o Papacat tem, pois recentemente, foi o primeiro a cruzar a linha de chega da regata de percurso no Ubatuba Sailing Festival.
Mas a regata Decathlon Ubatuba-Ilhabela 2023 já tem confirmada a participação de dois S40, e, nem precisa dizer que são máquinas de velejar né?
“Olha, essa é uma regata que a gente vai fazer pela primeira vez, acho que é uma travessia divertida um evento legal, vou com os meus filhos, então não é nosso foco, mas acho que sim, a gente tem chances de conquistar a fita azul”, comenta Jaime Cupertino, comandante do veleiro Argos, o S40, que fique claro, porque também vai estrear na raia o Argos 43, um catamarã que terá como skipper o velejador Lars Grael:
“Não dá pra gente não. Tem veleiros mais rápidos, mas nem por isso a gente deixa de ser competitivo. A inteção é conhecer melhor o Argos catamarã, ver como ele se comporta na travessia, já que pretendemos levá-lo para a Recife-Fernando de Noronha”, completa Lars.
Voltando à fita azul, nossa regata terá um time inédito em um feito inédito: “que eu me recorde não houve uma tripulação feminina que já tenha feito uma travessia em um S40 aqui no Brasil. Regatas sim, mas uma travessia acho que seremos as primeiras”, comenta a comandante do Phytoervas 4Z, Renata Bellotti, cuja equipe tem também toda chance de fazer história e chegar em primeiro.
Aliás, talvez o sobrenome Bellotti esteja mesmo entre os primeiros a cruzar a linha de chegada, já que seu irmão, Marcelo Bellotti, estará a bordo do Ambipar Response Montecristo, comandado por Alexandre Wissenbach:
“Para nós a fita azul sempre é o objetivo. Ela coroa uma boa velejada e nos ajuda a conquistar os resultados. Tudo começa por um bom planejamento pré-regata com análise dos ventos e a preparação do barco, passa por uma boa largada e escolhas corretas durante o percurso.
Sabemos que por ser um barco grande, precisamos tomar decisões antecipadas e que dependendo dos ventos são referências para nós os barcos menores e eles podem tirar alguma vantagem nossa, mas conhecemos bem esse percurso e esperamos ter boas condições de vento para buscar baixar esse tempo da travessia”, comenta Alexandre.
Vencedor no tempo real da última edição, Paulo F. Moura, comandante do Zeus, também vem no foco de repetir o resultado do ano anterior:
“Temos a expectativa de brigar pela fita azul este ano, sim, mesmo sabendo que a competividade é grande. Mas o Zeus é um barco rápido, com tripulação bem afinada. É uma regata sujeita a mudança de ventos, em virtude do percurso e é muito difícil prever qualquer situção antecipadamente.
O percurso é agradável porque normalmente permite velejadas de várias formas, além do visual da região. Ano passado foi uma regata atípica, fizemos apenas um jibe em toda a regata. Não é algo que acontece sempre”.
E aí tem alguém animado a tentar a fita azul da Regata Decathlon Ubatuba-Ilhabela 2023?
Fotos: Aline Bassi/Balaio
